sexta-feira, abril 28, 2006

a prima vera

nunca o sol me bateu tão forte no corpo
sabe bem andar ao sol, deixa-me absorto
a caminho do trabalho, pela manhã
sabe bem esse calorzinho... hãn hãn
atravesso a rua sem ser atropelado
sinto-me, de facto, um privilegiado
subo os dois andares até ao escritório
chego cedo, nada mau, um factor abonatório
passo pela máquina do café e dou-lhe uma bofetada
ouço a voz do meu chefe, nada animada
"(grande) autor, você tenha cautela"
logo fiz as pases com a máquina, fiz-me amigo dela.

quarta-feira, abril 26, 2006

há que dizê-lo

mandaram-me um mail há baita buéda time que contava a história de um tuga que foi trabalhar para um desses países lá do norte, onde o frio congela até os manuelinhos.
versava assim:
lem lem lem, o tuga e o amigo nativo iam para o trabalho.
o nativo dava boleia ao tuga e chegavam ao trabalho 20 minutos antes da hora todos os dias.
o nativo fazia questão de parar no 1º lugar do parque de estacionamento da empresa, o mais perto da saída e mais longe da porta de entrada do edifício.
lem lem lem, lá iam 6 minutitos a pé, ainda dava tempo para o cafézinho e cigarrinho da manhã.
um dia o tuga perguntou ao nativo, enquanto caminhavam do carro ao edifício:
- olha lá man, porque é que paramos o carro todos os dias tão longe? temos lugar à porta e tu páras ali ao fundo, tás parvo, ou quê?
- amigo tuga, nós chegamos sempre antes da hora, logo, temos tempo para caminhar a distância do carro ao edifício, no relax. quem chegar atrasado, precisa de ter os lugares mais perto da porta, para demorar o menos tempo possível. tázaver a cena?

ps - quem souber o que são "manuelinhos" ganha um prémio.

segunda-feira, abril 24, 2006

então e vai um cafézinho?

um dia destes, no meu local de trabalho em part-time, decidi (estupidamente) ir beber um cafézinho.
dirigi-me à máquina e optei por abordá-la como se de um cão se tratasse, de mão aberta e devagar, para que me pudesse cheirar e não me arrancasse um dedinho.
"é uma bela máquina", dizia eu para o fantasma ao meu lado, com o intuito de a elogiar e fazê-la babar-se, de preferência para dentro da minha chávena.
feito o contacto inicial, já com alguma confiança, abro o dispositivo, coloco neste a quantidade certa de café para me abrir as pálpebras e "zumba", atarracho-o de novo na chavala.
"on", chávena prontinha a levar com a torrente cafeínica, pacote de açúcar já aberto na mão...
nada sucede.
"hmmm...o erro é sempre humano", penso.
vai de pousar o açúcar, tirar a chávena e espreitar por debaixo do mamilo da senhora.
nisto, visto ter-me esquecido de tranformar o "on" em "off", começo a sentir uma ligeira quimadura húmida na testa.
rapidamente ponho-a em "off" e vou a correr buscar um pano à casa-de-banho.
quando acabo de limpar o anúncio à buondi que circulava na minha cara, reparo que a correria levou a que cerca de 20ml de café se tornassem os melhores amigos da minha camisa.
bonito.
volto para a máquina, a tempo ainda de constatar que o açúcar, emocionado com tamanha algazarra, se tinha jogado para o chão, qual liedson, espalhando-se pela alcatifa.
da minha boca sai um palavrão digno de taberna do cais do sodré.
volto a colocar a chávena debaixo do mamilo do aparelho, ponho-o de novo em "on" e espero mais um pouco.
desta feita para ver o café a sair em direcção ao fundo da chávena como se de um miúdo de 30kg na rampa mais alta do aquaparque se tratasse.
ou seja, galvanizado pela velocidade, chegou ao fundo da chávena e logo começou a sua subida pela borda, lançando-se na direcção mais uma vez do quê?
da minha camisa, claro está.
desta feita solto mais um palavrão digno de taberna do cais do sodré, mas agora em inglês.
se bem me lembro, chamei um nome à mãe da máquina.
de seguida, num impulso furibundo (marido da bunda, furibunda) mando-lhe um soco tal, que o manipulo do café se solta e "zás", voa em direcção à alcatifa começando uma relação do foro sexual com o açúcar.
ligeiramente chateado com " f " grande, começo a tentar acabar com o canal 18 ao nível do chão, enquanto proferia palavras dignas de banda sonora dum filme do género.
nisto sinto uma palmadinha nas costas.
viro-me e dou de caras com quem?
a empregada da limpeza a oferecer-se para apanhar aquilo?
não, claro que não.
com o chefe a dizer-me que "e vão duas...à terceira é de vez."
volto para a secretária com a camisa igual à de um miúdo de 3 anos depois de comer uma sopa de feijão preto, sem ter posto o babete.
adormeço passados cinco minutos, pois café, nem vê-lo.
quer dizer, vê-lo vi, apenas não o bebi.

sábado, abril 22, 2006

bola vs igreja

ir à bola é o mesmo que ir à igreja.
a bola é aos domingos, a missa também.
a bola tem árbitro, a missa tem padre.
a bola tem um esférico, a missa um crucifixo.
a bola tem 22 jogadores, a missa 22 crentes.
na bola o liedson atira-se para o chão, na missa o crente ajoelha-se.
na bola há foras de jogo e faltas, na missa há a bíblia.
na bola há claques, na missa há orações em conjunto.
na bola há "golo!", na missa há "amén!".
na bola paga-se bilhete, na missa paga-se esmola.
na bola há estádios, na missa há igrejas e catedrais.
na bola há equipamentos, na missa existem hábitos.
a luz é a catedral.
simão o deus.
golo!!!
amén.

quinta-feira, abril 20, 2006

back in business

de volta à vida lisboeta, depois de uma semana por terras de pasta, gelados e italianas, o (grande) autor faz assim um rescaldo da última jornada de repouso:

- os pés cheios de bolhas
- a barriga com mais uns centímetros derivado a hidratos de carbono e docinhos
- a cabeça cheia de cultura (não é só para usar chapéu)
- as pernas cheias de músculo andante
- a máquina fotográfica, vítima, com um processo instaurado por abuso de confiança
- as costas com a forma de uma mochila
- os bolsos cheios de chocolates (rebentou-se o pacote)
- a alma ainda a tremer de medo de atravessar nas passadeiras, nomeadamente em nápoles

é com este rescaldo que informo os caros leitores e ouvintes [este blog existe na versão áudio, só que ainda ninguém descobriu como aceder, nem o próprio (grande) autor] que as opiniões estão de volta, bem como o vosso motivo de sorrir...
(ou de cortar os pulsos com um canivete suíço falso comprado na almirante reis.)

terça-feira, abril 11, 2006

só assim por acaso...

se vossa excelência for num automóvel a 146km/h, sentado no lugar ao lado do motorista (vulgo lugar-do-morto) e iniciar a seguinte conversa com o seu amigo:

- então meu, tudo bem? não tás com sono? queres que conduza?
- tudo pá, deixa-me só destrancar aqui as portas.
- destrancar as portas? porquê?
- porque se tivermos um acidente e capotarmos, não te está muito a apetecer ficar trancado aqui dentro porque o fecho centralizado pifou no meio da cambalhota, pois não? hehehe...
- .......

e passados uns cinco minutos iniciar esta outra conversa:

- então meu, tudo bem? não tás com sono? queres que conduza?
- tudo pá, deixa-me só pôr aqui o telemóvel no bolso de dentro do casaco.
- para quê meu?
- para, se tivermos um acidente e capotarmos, eu for cuspido do carro e ficar imobilizado, poder ter o telemóvel junto a mim e não dentro do carro, todo partido.
- ............................... !!!!!!

sugiro que peça para ir à casa-de-banho fazer uma chichoca na bomba seguinte e nunca mais volte.

domingo, abril 09, 2006

férias na figueira (parte I)

a viagem começou às 20h, depois de um jantarinho em que vítor se foi despedir dos seus amigos, antes de rumar à figueira da foz, sua terra natal.
seriam 22h seguidas a conduzir desde o norte de frança e, apesar das reticências da sua mulher andreia, vítor insistia que conseguia conduzir a viagem toda sem parar.
- não sou homem pra isso, não? além disso perdia os 50€ que apostei com a malta do café...
bem regadinho para o caminho e com as duas filhas, cátia e jessica, sedadas no banco de trás e com uma algália incorporada, seguiam caminho pelas ICs francesas, a fim de evitar as portagens.
passadas 9 horas de viagem, andreia diz a vítor:
- oh amori, vai lá mais devagar...não achas que podíamos parar um bocadinho? é que tenho as pernas dormentes e precisava de mijar.
- cala-te!!!
- ok, tá bem, mas ao menos abre os olhos, que já me tás a fazer impressão.
- cala-te, fo%$-se !!! passa-me os óculos escuros!!
- oh vítor, mas são 5 da manhã...
- cala-te, ca€*lho!!!!

passadas 18h da viagem, tendo vítor abrandado apenas para pôr gasolina em andamento, andreia começa a preocupar-se, pois os olhos do seu valente marido começam a pesar nos palitos, já dobrados de tal forma que pareciam partir-se a qualquer momento.
a distribuir chapadas nas duas filhas e a ler ao mesmo tempo as questões dos leitores da "marie", andreia decide que está na hora de comer.
abre as quatro latas de atum e começa a alimentar as filhas à colherada.
jessica, a dada altura, queixa-se de que está mal-disposta:
- mãe, tou mal-disposta, je quero vomiter...
vítor, olhos raiados, antecipa-se à sua mulher no tempo de resposta:
- car€*ho!!! se me vomitas o carro não comes mais nada o resto da viagem, ouviste??

(continua...)

sábado, abril 08, 2006

emigrante

uma amiga minha está (para muito bem dela) a fazer erasmus na suíça.
terra de emigrantes tugas, a minha amiga tem visto diversas cenas protagonizadas pelos nossos conterrâneos.
porém, houve uma frase que a deixou mais do que convencida de que os tugas, aquando de um desastre nuclear de proporções apocalípticas, prevalecerão.

diz então a mãe para o seu filhote:

"(...) mas porque é que sempre que vimos ao supermarché do centre ville, tu tens que levar nos cornos ?? "

portugal é portugal, o resto vai com a maré.

sexta-feira, abril 07, 2006

coisas

há coisas e coisas que, por muito velhas que sejam, nunca ninguém mas tirará:

1- nestum mel
2- cassetes de vídeo com o "tal canal"
3- capri sonne maçã
4- andar de metro sem pagar (e sem ser apanhado)
5- ouvir cassetes no walkman
6- ver os desenhos animados de manhã (sendo que a diferença é que dantes os via ao acordar e agora vejo-os antes de deitar, mas sempre com pequeno-almoço incluído)
7- cérelac
8- livros do pato donald
9- gemadas

ps- a infantilidade subliminar deste texto não é subliminar. é uma infantilidade presente. porque, e passo a citar o (grande) autor...

o futuro risonho está no passado e na forma como o recordamos no presente.

porém, eu não sou infantil.
tenho acessos de criancice, que é algo bem diferente.

quarta-feira, abril 05, 2006

estrangeirismos

numa época em que a nossa língua é maltratada pelo calão, em que para tudo e todos "muito" é "bué", "possível" é "na boa" e "co'a breca" é "daaa-seee", penso ser a altura de abordar um tema que me está a deixar "uma beca" nervoso.
o estrangeirismo.
não há alma lusitana que não aplique pelo menos um estrangeirismo numa frase de 5 palavritas ou menos.
exemplo:
- tudo bem, jovem?
- tudo nice.
- queres um pontapé no cú?
- népia, não tou no mood.
- então fuck you man, até logo.
- hasta, bro!

sinceramente, não compreendo esta atracção pelo estrangeirismo.
ele é na rua, no autocarro, na tv, no trabalho, na escola, no futebol.
um dia destes imagino-me a entrar no autocarro e o pica vir a dizer "os seus tickets fachavôôôr".
ou numa repartição de finanças: "next..."
será que a nossa língua não é digna de ser utilizada a tempo inteiro?
será que, por já ter uns aninhos, é considerada uma língua "cota"?
já me imagino na bancada a ouvir:
- é offside shôr árbitro!! este muthafucker é mesmo blind!!
e na pizzaria da esquina:
-oh diolinda, queres comer aqui ou pedimos take away?
-não sei alfredo, as you wish.
e para terminar....há uma palavra que me deixa ainda mais arrepiado do que qulquer outra:
"baby".
baby não existe, ninguém pode tratar seriamente um namorado/a por baby!
"bonequinho", "torrãozinho", "amor", ainda vá que não vá, mas baby não, por favor!
e quando forem pais, como será?
- oh baby, vai lá buscar a baby para lhe mudares a fralda que até a vizinha de cima já deve tar mal-disposta, caraças...
- oh baby, vai lá tu, baby...
- não baby, ontem eu dei o banho à baby, hoje és tu no pivete, baby...

fiquêmo-nos pelo nosso tuga, que dá tanto espaço de manobra para as mesmas alarvidades e assim não pagamos imposto pela utilização de língua alheia...

terça-feira, abril 04, 2006

oh inerte, a inércia quer-te

atrapado entre a vontade de ir e a de ficar, enterrei-me mais um pouco no sofá.
mais um zapping, um botão, a programação não era má.
pés na mesa, uma beleza, sentia-me confortável.
mas a indecisão que sentia, ai mau maria, era uma proeza notável.
tenho de me decidir em 5 minutos, senão perco a oportunidade.
vou mesmo ou por aqui fico, que irritação, que dubiosidade.
ok, lá irei, mas primeiro tiro os pés de cima da mesa.
eles caem no chão, que preguiçosos, nunca vista, tamanha moleza!!
arrasto-me sala fora, acendo a luz da casa-de-banho a medo e entro.
aproximo-me da sanita, preparo tudo e levanto o assento.
contas feitas, a coisa já está, já posso voltar ao meu sofá.
para pôr os pés em cima da mesa, ai que beleza, e ver a programação que não era má.

segunda-feira, abril 03, 2006

frases erasmus


como ainda nunca disse isto, estive em erasmus no ano passado.
foi o melhor ano da minha vida.
e na casa onde vivi, dei eu início a um costume algo raro a princípio, mas logo depois seguido por todos os que entravam naquela mansão, nomeadamente, na cozinha.
cada pessoa que pusesse um pé no "quarto-de-cozinhar-coisas-boas", seria livre para escrever o que lhe desse na bolha, nas paredes de azulejo.
este é um ditado (espanhol?) que um amigo hermano escreveu e que significa:

"vive à custa dos teus pais até que possas viver à custa dos teus filhos."

e eu que pensava que era comodista...
 
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