segunda-feira, outubro 31, 2005

tubarão podre

outro dia estive a jantar em casa de uma amiga.
a amiga tem um namorado.
o namorado é islandês. o namorado está cá de férias.
o namorado trouxe um dos pratos tradicionais da islândia.
o prato é composto por tubarão podre.
podre. ou seja, que cheira mal. e sabe pior.
assim, devidamente acondicionado num frasquinho de 250g, o jovem apresentou-nos o cadáver aos bocados.
depois de se comer um pedaço do bicharoco, bem mastigado, por sinal, bebe-se uma aguardente também lá de cima, com 37,5º.
"pfff", pensei eu, alimentado pelo calo já ganho com a aguardente e os tremoços tugas.
mas, contrariando o cavaco, que nunca se engana, eu enganei-me.
fechei os olhos enquanto mastigava e parecia que estava a comer uma pedrinha da calçada da esquina mais alvejada pelas pilinhas do bairro alto.
com o nariz a arder botei abaixo o copito com o líquido etílico.
não foi pior a amêndoa que o sorvete, mas também não foi a melhor degustação do mundo.
apenas sucede que, tendo em conta que parecia ter estado a comer um calipo de urina, aquela aguardente sabia-me a vinho do porto.
agora, cientificamente explicando, porque sabe a chichi o bicho-paga-dentistas?
porque o bóbi tem um nível de amoníaco tão elevado como a antena parabólica do empire state building, tal como, está claro, a nossa chichoca.
acontece que, para ser comestível, a estrela dos filmes do spielberg tem de apodrecer uns mesitos, de forma a que o nível de amoníaco baixe a bolinha, até ser aceite pelo nosso corpo sem funcionar como veneno para ratos.
agora, pergunto-me, quantas pessoas terão batido a bota até que aquele pessoal do norte percebesse (como é óbvio) que o tubarão tem de estar a cheirar a casa-de-banho-do-sudoeste para ser saborosamente apreciado??

3 comentários:

Mary Mary disse...

Tu tens com cada história... :P

Z disse...

Brutal.

Nandinho Jr. disse...

este post já tem uns dias, mas mesmo assim vale a pena deixar um comentário!
Só para dizer que não tás sozinho nessas aventuras pelos amargos das entranhas tubaronescas! Fui também presenteado com a mesma receita há umas semanas! O caviar islandês não é para qualquer língua... nem estômago! Fiquei-me pelo 1º pedaço... e também não me estiquei na etílico posterior..
Ainda não consegui perceber porque é que eles se dão ao trabalho de deixar apodrecer o bicho, que uma vez comestível continua terrível! Mas talvez seja por isso que eles vivem lá em cima.. no meio do gelo.. se vivessem no quente de portugal, mandavam o bicho ás favas e mandavam vir um pratinho de caracois e uma rodada de finos!

 
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