quarta-feira, setembro 13, 2006

análise de poema

tal como se analisam os poemas de Pessoa no secundário, pensa o (grande) autor ser de extrema urgência a análise de canções infantis cantadas por esses recreios fora.
assim:

sete e sete são catorze
com mais sete vinte e um
tenho sete namorados
mas não gosto de nenhum

ora, começando pelo primeiro verso:
sete e sete são catorze, denota uma forte capacidade das crianças para a matemática.
está arruinado o mito de que os portugueses não têm jeito para a matemática.
escusam os jovens de, a partir de agora, ir para letras "para fugir à matemática".

segundo verso:
com mais sete vinte e um, confirma a tendência patente no verso anterior.

terceiro verso:
tenho sete namorados, denota uma grande promiscuidade não revelada pela juventude.
enquanto se pensa que as criancinhas estão a jogar ao berlinde ou a saltar à corda, eis que, subliminarmente, se afirma numa canção a predisposição para o namoro.
salienta-se aqui também o sentimento de partilha entre o género masculino, que não se importa de compartilhar a namorada, tal como empresta as canetas de feltro.

quarto verso, finalizando:
mas não gosto de nenhum.
aqui é utilizada uma metáfora, fortíssima.
dado que a moçoila tem sete namorados mas não gosta de nenhum, é claro como água engarrafada que a catraia está apaixonada pelo figo, o ex-jogador com o nº 7 da selecção portuguesa de futebol.
ou então, que é lesbiana.

4 comentários:

Pedro disse...

a conclusão do figo é de deixar o Dan Brown (especialista em imprevistos e reviravoltas) roído de inveja...

Anónimo disse...

este é um bom texto, com um final imprevisível (o Figo, aqui ??) mas também previsível (atento o grande interesse do jovem autor pelas artes futebolísticas)
B.

Guida Marques Pinto disse...

a do figo é rebuscada...digo eu!mas que texto de alto nível

polegar disse...

mas hoje em dia já não se canta isso... agora é "não tenho nada, mas tenho tenho tudo"... ou "para mim tanto me faz, que digas coisas boas ou coisas más"...

analyze that!

 
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