sexta-feira, julho 03, 2009

ode (a guarda)

lá dentro, no Parlamento
gritam cada um do seu palco
enquanto o desespero, o sofrimento
da galeria, os olha cá do alto

na cabeça têm o poder
o dinheiro e a impunidade
no corpo a vontade de comer
a cara podre e a alarvidade

dia a dia da semana
semana a semana do mês
a culpa morre sozinha na cama
e mais uns se juntam à lista dos porquês

porque é que não há trabalho
porque é que não há dinheiro
porque é que ninguém baralha o baralho
e sai sempre tudo ao mesmo empreiteiro?

aqui se vive do futebol
do fado e glórias passadas
eles lançam mais um e outro anzol
e a malta agarra-os às dentadas

nunca mudarão, esses senhores
que de quatro em quatro se viram
uns dias de frio outros de calores
mas os bolsos vazios nunca sentiram

porque somos e vivemos numas torres gigantes
construídas pelos cá de baixo
para que lá em cima vivam os importantes
e no rés-do-chão se viva cabisbaixo

eles gritam nomes e gesticulam
e o povo sempre calado, como deve ser
eles de si próprios e da sua sombra se orgulham
e a malta cega, sem nada perceber

vamos lá malta, pôr ordem nesta casa
aproveitemos os Erasmus e os INOV
vamos mostrar que os podres aqui não batem asa
e revivamos mil setecentos e oitenta e nove

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom!

LSDee disse...

a esperança é a ultima a morrer, mas para se morrer é preciso nascer... e fora a heroica gaiata de uma novela venezuelana de ha muitos anos, nunca conheci nenhuma com esse nome ou essa missao... mas tu nao desistes, e pelo menos isso vale a pena.

 
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