O dia tinha começado cinzento, com uma amiga a contar ao (grande) autor que, logo de manhã, tinha estado a "compor" um morto.
Literalmente.
O senhor morreu em casa, cancro avançado, sacana malfadado, e era preciso compor o cadáver, antes que o rigor mortis o deixasse duro como uma pedra.
Atar-lhe o queixo, para não ficar de boca aberta, colocar-lhe as mãos ao peito, atar-lhe os pés, para não ficar com um para cada lado, pôr-lhe algodão dentro da boca, para não haver líquidos a sair durante a cerimónia.
Quando chegou ao pé do (grande) autor, tudo era relativo, já que tinha estado a compor um morto.
Nada podia bater isso.
O dia acabou com Sol, com outra amiga do (grande) autor a contar-lhe que está grávida.
Tinha sabido há pouco tempo, não foi planeado mas não podia estar com um sorriso mais rasgado, com toda a vida pela frente e muitas cores para misturar.
A vida é como este dia, pode começar cinzento, acabar com Sol, começar com Sol e acabar cinzento.
Mas o que interessa mesmo é o arco-íris que pintamos pelo meio.
Há 1 semana
2 comentários:
*snif*
Não, o "snif" não era eu.
Este sou eu:).
Gostei. Neste minha fase de merda, acho que é bonito pensar assim. E acho ainda mais bonito pensar que o arco iris que pintamos pode perdurar até ao fim. E não ser só o meio.
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