terça-feira, outubro 04, 2011

Todas na Barriga

- Martins, isso é uma doença interna.
- Uma doença eterna?
- Não, uma doença in-ter-na.
- Ah.
Ele nunca pensou que aquilo também desse nos homens.
Sempre ouviu, desde pequeno, desde adolescente, desde homenzinho, desde crescido, que aquilo só dava nas mulheres.
Nas senhoras, dizia a Avó, mulheres são as vacas, as cabras, as ovelhas.
Que as mulheres são senhoras.
E com que então uma doença interna.
Estava bem tramado.
- Como é que se pode curar uma doença interna?
- Tens de olhar para dentro, conhecer bem o terreno.
Porra.
Olhar para dentro, conhecer bem o terreno, mas estavam a preparar um ataque terrestre, ou a tentar arranjar uma cura?
- Sim, a cura procura-se no mal.
- É no mal que está a cura?
Não fazia sentido algum.
- Martins, quando olhas para ela, que sentes?
- Sinto-me mal.
- Sentes o coração acelerado, suores frios, a boca seca?
- Sim!
- Desnorteado, sem saber o que fazer?
- Completamente desnorteado.
- E quando ela olha para ti?
- Fraquejam-me as pernas.
- E as borboletas?
- Todas na barriga!
- Ora aí está a tua doença.
- A minha doença interna?
- Sim, a tua doença eterna.
 
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