sábado, junho 15, 2013

Em Alfama Não Há Moitas

Em Alfama não há moitas.
Ontem, duas da matina, viu-se o (grande) autor confrontado com uma bexiga própria de um bebé de três meses, depois daquelas duas malvadas imperiais e escusado será dizer que se encontrava em plena Alfama, rodeado de pessoas que se perguntavam em uníssono quem seria o pai da criança, a plenos pulmões, como se o teste de ADN viesse mais rapidamente consoante o aumento do volume dos berros festivos, apenas sendo interrompidos por uma voz ao microfone de uma senhora que já não tinha idade para estar a fazer aquelas figuras, que também perguntava quem era o pai da criança, que claramente não deveria usar tops tamanho M e que deve ser a única pessoa no Mundo a quem as leggings não transformam o rabão num traseirinho de uma jogadora de volley-de-praia russa.
Bom, como a necessidade aguça o engenho, ou a vontade aguça o descaramento, lá partiu o (grande) autor na busca do cantinho perdido, visto que em Alfama não há moitas, nem casas-de-banho portáteis (ou toi-tois, como costuma dizer geralmente quem se chama Constança e tem apelidos de instituições bancárias), escadas acima, escadas abaixo, sem sorte e sem portas abertas, porque os locais de Alfama estão um pouco fartos que os Santspopularenses lhes tentem entrar casa dentro para dar trabalho às canalizações, quando dá de caras com dois rapazes com uma ideia genial, que foi a de órinare atrás de uma daquelas banquinhas onde servem imperiais a preço de vodka-laranja, já desocupada, parecendo então que os rapazes estavam de pé atrás do balcão apenas a conversar, mas com as mãos decepadas. No entanto, como aquele local ficava numa passagem demasiado movimentada, o (grande) autor não pôde imitar os Zuckerbergs do chichi-ao-balcão e decidiu continuar pela senda, até que deu com o local perfeito, ao lado de uns andaimes, na penumbra, porque a luz do único candeeiro se perdia numa esquina do prédio, local excelente para a prática do chichi à sombra.
Iniciada a micção para dentro de um vaso gigante com uma outrora planta, alívio soberbo, heroína nas veias, passarinhos a cantar, o (grande) autor olha para o lado, naquela de controlar a situação e não ter de interromper aquele momento tão desejado quando repara que um outro jovem se dirige para uma daquelas banquinhas semelhante às referidas acima, o que levou o mijador a pensar que o seu suposto semelhante iria fazer uma proeza igual à dos Zuckerbergs, órinando enquanto servia uma meia de leite e um nata ao balcão, porque toda a gente sabe que depois de iniciada a micção masculina, o dono do bicho não precisa de o aguentar com as mãos até ao momento do chocalho final e mesmo assim às vezes um gajo consegue fazer de cão de água e salpicar as calças todas, sem precisar de lhe tocar.
No entanto contudo porém, pânico, o suposto mijador virou-se e, qual demónio de ganga, baixou-se e desapareceu por detrás da banquinha, enquanto baixava as calças como se tivesse sido possuído por um gang de formigas assassinas, como o MacGyver naquele episódio das formigas assassinas em que ele tem aquele fato-tipo-espacial amarelo e está no deserto rodeado de formigas assassinas e aquela parte em que ele tira o capacete do fato-tipo-espacial até aparece no genérico.
Sim, baixou-se baixando as calças e não mais apareceu.
Imagino a cara do dono da casa em frente da qual foi deixado o monumento.
Ou será que o MacGyver tinha levado um saquinho de plástico?

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