sábado, novembro 27, 2010

Kid B

Rodeado no seu dia-a-noite por tantas crianças, tantos familiares e amigos (cientificamente falando, amigas) a terem rebentos, tanta fralda e chucha a passear-se por aí, levam o (grande) autor a reflectir.
É que depois de um dia como o de ontem, a vontade de chegar a casa e ter crianças à espera, nem que seja só uma, é mais ou menos a mesma que um gajo tem de que à porta de casa lhe caia um vaso cheio de terra húmida em cima da cabeça enquanto lhe pontapeiam as canelas e lhe colam pastilhas no cabelo.
E quando um gajo se baixa para esfregar a canela (porque lhe acertaram mesmo em cima daquela nódoa negra resultado de um lance num jogo de futebol em que um gajo ainda por cima perdeu) e sacudir a terra do cabelo cheio de pastilhas, ainda lhe escorrega o saco das compras da mão, aterra no chão, os ovos partem-se todos, saem as uvas daquele saco mal-fechado pela menina da caixa do Dia e mergulham naquela poça nojenta que se forma mesmo debaixo da varanda da vizinha do 1º andar, que passa os dias a lavar a mesma com lixívia e depois escorre tudo pelo tubinho que existe a meio da coisa e vai pingando na roupa dum gajo, deixando manchas eternas e uma poça de água venenosa no passeio.
E depois os pássaros e os pombos vão beber da poça e dá-lhes para falecer ali mesmo, formando um cemitério de penas em calçada portuguesa.
E depois um gajo vai a olhar para cima a ver onde anda o tubinho cuspidor de ácido a ver se não mancha o casaco e pisa um cadáver alado, ouvindo imediatamente um som equivalente ao de pisar três bolachas maria empilhadas numa cama de amendoins.
E só depois vêm o vaso, os pontapés na canela e as pastilhas no cabelo.
Concluindo?
Crianças são como as playstations.
São muito giras, adoráveis, um gajo gosta imenso delas e elas dum gajo, mas ficam melhor na casa dos outros.
Um gajo vai lá brincar de vez em quando e depois volta para sua casa, para o conforto de um livro fininho do género colecção Europa-América ou de um "Preço Certo em Euros".

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