domingo, julho 28, 2013

Desculpe, este lugar está ocupado.

Está o (grande) autor neste preciso momento sentado numa cadeirinha de plástico daquelas de bar da praia ou de esplanada de café à beira de braço de rio ou de esplanada em qualquer café que se aproxime minimamente de um curso de água, nem que seja um curso de água provocado pela mistela que as várias porteiras de vários prédios contíguos atiram para a rua depois de lavarem a escadaria. 
E porque raio está sentado e a escrever em vez de estar a beber uma cervejinha fresquinha?
Perguntam bem. 
Ora precisamente porque está à espera que comece um espectáculo (um bailado, uuuuhh, que erudito) que terá lugar na rua, num largo de Lisboa. 
Como a maior parte deste tipo de iniciativas, a entrada é gratuita. 
E como a entrada é gratuita, o espectador tem de chegar pelo menos um hora antes, para conseguir um lugar sentado. 
E, por causa desse detalhe, claro que não há alminha que aqui esteja que não esteja também a guardar um lugar para um espectador ainda ausente, mas suposta e brevemente presente. 
O que nos leva até à arte de guardar-lugares-para-os-outros-que-estão-quase-quase-quase-a-chegar. 
Toda a gente sabe que para guardar um lugar para um futuro espectador devidamente, é necessário utilizar uma peça de vestuário. 
Não serve um livro, uma revista, um copo de plástico, um tupperware, uma esferográfica, um guarda-chuva (se for dos grandes, de pega em curva, serve), uns óculos de Sol, um jornal, um telemóvel, uma mala ou umas chaves. 
Tem de ser uma peça de vestuário, senão o marcador corre o risco de que o atacantus-erectus lhe grite que violou as regras da marcação de lugares e, como tal, terá de ceder os lugares que marcou, mesmo que só tenha marcado 9. 
Ora, porra, haja maneiras. 

segunda-feira, julho 15, 2013

Embriagado Escreve-se Com "B"

As horas eram aproximadamente as cinco da manhã de uma noite-quase-dia quente de Verão.
O local era a praça central de Porto Covo.
O (grande) autor e seus amigos regressavam do único pseudo-estabelecimento nocturno aberto à hora indicada, a clássica padaria, onde se refastelaram com os clássico pães com chouriço confeccionados 48 horas antes, mas com sabor a fresquinhos fresquinhos dada a entaladela que levaram no forno e a fome dos intervenientes.
Chegados à Praça Central, atraídos pelo característico som de um djambé (the D is silent) deram de caras com o habitual grupo de freaks, com as habituais rastas e pulgas e cães e pés pretos e camisas de flanela com padrões psicadélicos e tudo sentado no chão e tudo a viajar e um deles a fazer massagens cardíacas ao djambé e coiso e tal.
No entanto, qual Rua Sésamo "o que é que está mal aqui?", de lá do meio surge um senhor, visivelmente embriagado, viajado e mais coisas acabadas em ado, que resolveu aproximar-se do novo grupo cujos membros estavam calçados e que, segundo o próprio, tinha 56 anos, era de Rio Tinto (que coincidência), vinha da Amadora e já ia para Porto Covo de férias há 40 anos.
Ora, um dos calçados, dada a possibilidade de o quase-autóctone conhecer bem os meandros da coisa, resolveu perguntar ao homem onde é que se bebia uma cervejinha tardia:
- Então amigo, onde é que se bebe uma cervejinha a esta hora?
- A esta hora? 
- Sim, uma cervejinha.
- Então, em Vila Nova! (de Milfontes)
- Epá, mas isso é muito longe, nós queríamos aqui em Porto Covo.
- Hã? Nós estamos em Porto Covo??

Porra.

quarta-feira, julho 03, 2013

Marca de Carros

Em tempos de crise política, nada como escrever sobre um tema deveras importante e que realmente mexe com as nossas vidas:
A publicidade que antecede os vídeos no youtube.
O (grande) autor é da opinião de que as marcas que pagam para que o seu anúncio surja antes do início de um vídeo no youtube não fazem PUTO ideia do que andam a fazer à sua vida.
É que toda a gente conhece o ódio que o espectador sente quando quer ir ver o vídeo do Goucha aos berros a dizer para o programa continuar depois de o operador de câmara ter desmaiado em directo e se ter ouvido o crânio a bater no chão e o "uuuuuhhh" do público masculino misturado com o "aaaaahh" do público feminino misturado com o "ai ai, desmaiou, mas vamos continuar com o programa" do Goucha enquanto o chef-que-não-é-o-Ramsey prepara um folar pascal e pimbas, dá de caras com um anúncio a uma marca de carros.
Imediatamente, o espectador passa a odiar a marca de carros, porque naquele momento a marca de carros (vou só escrever marca de carros mais uma vez) o está a impedir de visualizar o vídeo de que tanto ouviu falar no café da D. Alcina, mas que não pôde ver no momento porque não queria gastar dados do telemóvel com um vídeo do Goucha e o café da D. Alcina não tem internet sem fios porque, segundo a própria, "é caro e não quero que me venham para cá os gandulos todos brincar com os microondas e pum-pum-pum naquela coisa da intrénet"
É irritante.
Ou um gajo querer ir ver aquele vídeo da rapariga que tem o AVC enquanto está a ser entrevistada mas continua a dissertar sobre uma mala que tanto deseja e ter de esperar que a merda do anúncio a um produto saponáceo empregado na lavagem dos cabelos termine, sendo obrigado a ver o Iker Casillas sentado no chão do relvado a ser massajado na cabeça, cheio de espuma.
É óbvio que dá vontade de nunca comprar aquela marca de produtos saponáceos empregados na lavagem dos cabelos.
E só mais uma vez: Marca de carros.
 
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