Acha o (grande) autor fenomenal a memória dos cheiros.
A capacidade que o nosso corpo tem de, ao cheirar qualquer coisa, nos transportar para um local, uma data, uma pessoa ou um momento de nível alcoólico exacerbado.
Por exemplo, no (grande) caso:
Cheiro a maresia - Porto de Sesimbra
Cheiro a cócó, chichi, vomitado, animais mortos - Casas-de-banho do Sudoeste, em 2000
Cheiro a rosas - Rosas (das que nunca me ofereceram!)
Cheiro a pão no forno - Padaria da Estrela, às 06h42m de uma terça
Cheiro a álcool - Hálito do Sr. Santos, porteiro da escola EB 2+3 Eugénio dos Santos, onde andei
Cheiro a suor - Carruagem do metro, às 18h15m, Baixa-chiado
Cheiro a bacalhau - A cozinha da minha avó, quando há bacalhau de molho (ca nuojo)
Cheiro a cebola - Carruagem do metro, às 18h27m, Entrecampos
Cheiro a fritos - As roullotes à volta do estádio da Luz, 2 horas antes de prélio
Cheiro a alcatrão molhado - A minha rua, quando vêm as primeiras chuvas de Verão
Cheiro a queimado - A minha mãe a fazer torradas para o pequeno-almoço
Cheiro a tubo de escape - O parque de estacionamento das Amoreiras, em 1992
Cheiro a éter - A sala de espera de Santa Maria, a ter o pior episódio sanguíneo da minha vida
Cheiro a álcool etílico e acetona - As paredes da cozinha da minha casa de Erasmus, que tivémos de limpar no último dia, de lágrimas no canto do olho
Cheiro a algas - A praia do Meco, desde 1982
Cheiro a peixe frito - A feira popular, antes de o Santana decidir que seria fechada, porque lhe apeteceu
Cheiro a cigarros - A minha roupa depois de ir sair à noite em sítios semi-fechados
Cheiro a merda-que-não-se-estava-à-espera - A fralda de um bébé de 8 meses
Cheiro a pessoa bonita - O (grande) autor
and soi on, and soi on...