domingo, janeiro 31, 2010

Cheira-me A Ladra

A Ladra não ladra, mas cheira.
Cheira a ócio e negócio, cheira a pessoas, cheira a fado, cheira a alcatrão ao Sol e panos ao vento, como bandeiras de mil países, mil nações que se encontram, mil estilos e mil manias que formam a Ladra.
A Ladra não ladra, mas vive.
Vive para ela e vive para os outros, vive por ela e pelos outros.
E o Sol acompanha-a, do nascer ao deitar.
Tem a Amália junto a si e a casa portuguesa, com certeza.
Não há cantinho da Ladra onde não se ouça a Amália, não há cantinho da Ladra onde não se sinta a descendência.
O pregão, o ladrão, o oportunista e o teimoso.
A maluca, o turista, a vigarista e o seboso.
E eu, e tu, e eles e nós.
E a Ladra não se mexe, mas a Ladra remexe-se.
E nós mexemos na Ladra, tal como a Ladra mexe connosco.
A Ladra não morreu.
Viva a Ladra.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

9º Mandamento da Googlização

O teu estado de produção laboral será definido e mostrado publicamente através das cores das bolinhas individuais no google chat.
Quando em verde, estarás danado para a brincadeira.
A vermelho, estarás ocupado e a trabalhar que nem um mouro.
A laranja, terás ido à casa-de-banho fazer uma necessidade, ter-te-ás ausentado para almoçar ou ter-te-ás deslocado à secretária do colega para ir comentar o novo vídeo do youtube onde surge mais uma escuta do Pinto da Costa.
Atenção, para leres este texto, deverás activar a bolinha verde.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Ora Finalmente Uma Coisa Com Sentido


Neste cantinho, claro.

Tanta Bala Perdida Por Aí

"Factos Provados:
O arguido e a ofendida B eram casados entre si, desde há 6 anos, com referência à data em que foi deduzida a acusação (17/12/2001), tendo nascido dessa relação uma filha, então com 3 anos de idade. Actualmente estão divorciados.
O arguido sempre teve para com a ofendida comportamentos agressivos, mesmo antes de contraírem casamento, sendo conflituosa a relação conjugal, e ainda mais deteriorada no último ano de vida em comum entre ambos.
Desde essa altura que o arguido originou episódios de violência no seio familiar, molestando física e psicologicamente a ofendida sua mulher, contra quem proferia ameaças de morte na presença da filha de ambos.
Na sequência dessas agressões, e por várias vezes, a ofendida careceu de tratamento hospitalar, ocultando sempre, por vergonha, ter sido vítima de agressões.
No dia 28 de Janeiro de 2000, cerca das 23 horas, o arguido e a ofendida discutiram por questões relacionadas com o comportamento violento do arguido, tendo a ofendida dito que não aguentava mais a vida que levava.
Na sequência dessa discussão o arguido empurrou a ofendida, com violência, contra a cama do casal, vindo a ofendida a bater com o abdómen na esquina dessa cama, o que lhe causou dor.
A ofendida encontrava-se no segundo mês de gravidez, o que era do perfeito conhecimento do arguido. Cerca das 4,30 horas da manhã a ofendida começou a sentir fortes dores, verificou estar com uma grande hemorragia, e sentiu a saída de substância fetal, que caiu no chão do quarto do casal.
Transportada ao Hospital de S. João, verificou-se ter abortado, sendo então alvo do tratamento médico adequado.
Apesar de ver a ofendida esvair-se em sangue, com fortes dores e com dificuldades de se movimentar, e não estando mais ninguém que pudesse socorrer a ofendida, o arguido nada fez para a socorrer, sendo certo que estava em condições de o fazer, designadamente dispunha de automóvel para a conduzir ao Hospital.
Não ignorava o arguido que àquela hora da madrugada a ofendida não tinha quem a socorresse, o que dificultaria ou inviabilizaria a prestação imediata do adequado auxílio médico.
Depois de pedir por várias vezes ao marido que a ajudasse, de lhe dizer que estava cheia de dores e com forte hemorragia, o que o arguido também viu, nomeadamente por ter caído substância fetal no quarto do casal, pedidos a que o arguido respondia com ordens para que se calasse para o deixar descansar, a ofendida telefonou ao número nacional de urgência 112, e foi conduzida por uma ambulância ao mencionado Hospital, ambulância que em cerca de 15 minutos acorreu à residência. A ofendida deu entrada no Hospital pelas 6,22 horas do dia 29/01/2000.
Também mais uma vez por vergonha, a ofendida não revelou no Hospital ter sido vítima de agressões do marido.
O arguido agiu voluntária, livre e conscientemente com o propósito de não socorrer a vitima na altura oportuna o que lhe era possível e exigível, e sabendo que a sua conduta é reprovada e punida por lei."

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Picket Fences

.
Está cientificamente provado que um ser humano não consegue aproximar-se de uma rede sem nesta se apoiar, colocando as mãos entre os buracos.


Está também cientificamente provado que, se a rede em questão estiver electrificada, a coisa não corre muito bem.
.

domingo, janeiro 24, 2010

deznoveoitosete

A noite de passagem de ano é uma noite como as outras, a única diferença é que tem uma contagem decrescente pelo meio.
.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Vai Subir?

Diz o (grande) autor, em chat com alguém assim a modos que mais em baixo de ânimo:

"epá... não sei se ajuda, mas posso dizer-te que:

eu também estava chateado, hoje de manhã.
depois, à hora de almoço, fui com o bacano que agora não interessa quem é comer uma cena que agora não interessa para o caso ao sítio onde costumamos ir às quintas-feiras, que tem um mega-plasma sempre ligado na sic notícias.

e então estive o almoço todo a gramar com as imagens e relatos do pessoal no Haiti.

fo%4-se, é que estou tão bem-disposto, agora!

:) "

sexta-feira, janeiro 15, 2010

8º Mandamento da Googlização

Entrarás na tua conta gmail e encontrarás todos os teus amigos e amigos dos teus amigos que ficaram teus amigos porque um dia fizeste um reply to all a um e-mail que te enviaram, no qual vinham todos os contactos em To:, em vez de Bcc:.
E chamarás a esse espaço "o recreio", e brincarás n' o recreio durante a tua pausa no emprego, ou até mesmo na hora de expediente.
Isto se tiveres um emprego que envolva um computador e uma ligação à internétchi, porque se fores coveiro ou carteiro ou podre-de-rico, é pouco provável que tal suceda.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Si Sinhôra

Ao telefone com a Sra. do Instituto de Gestão Finaceira.
Diz a Sra.:

- Olhe, eu vou-lhe transferir a chamada, mas se a chamada cair, porque às vezes o meu tufone não dá, tem de ligar novamente, ok?

Passemos a analisar a frase:

"Olhe, eu vou-lhe tranferir a chamada"
Significa que a Sra. tem o poder.
Tem a faca e o queijo na mão e pode fazer daquela chamada o que ela quiser.
Aquele "Olhe" seguido de pausa, quer dizer que a Sra. está a fazer um favor a um gajo.
Ela até podia borrifar e desligar, mas "Olhe", vou-lhe fazer o jeito porque hoje até estou bem-disposta e não pisei uma poça de água na casa-de-banho enquanto estava de meias à procura do fio dental que o cabr#o do meu marido insiste em mudar de sítio todos os dias, depois de cagar e deixar um cheiro na casa-de-banho que parece que temos um rato morto naquele espaço atrás da retrete que ninguém sabe muito bem porque é que existe, se bem que às vezes até daria jeito para lá pôr o papel higiénico, se o cabr#o do meu marido alguma vez se lembrasse de o comprar antes de acabar com o último rolo.

"mas se a chamada cair"
Significa que é sempre uma aventura, ligar para qualquer instituto deste género.
Nunca se sabe se a chamada se aguenta até ao fim e se um gajo consegue resolver o problema que, em 99% dos casos, foi criado pelos próprios serviços do instituto.
É viver na corda bamba.

"porque às vezes o meu tufone não dá"
Significa que o aparelho através do qual a Sra. magicamente ouve pessoas a falarem com ela, às vezes não funciona.
Talvez seja porque a Sra. não sabe como trabalhar com o aparelho, ou por ter chumbado no exame de magia na Escola Superior Luís de Matos.

"tem de ligar novamente, ok?"
Significa que um gajo tem de ter uma paciência de santo e voltar a fazer a chamada, voltando a pagar o 1º minuto, que é sempre mais caro que os seguintes, voltar a carregar nas 39 teclas que o atendedor automático nos indica e voltar a pedir a mesma coisa que já tinha pedido.
Isto tudo enquanto se tenta não partir o telefone, controlando os ataques de raiva consecutivos.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Celso

O granizo é a neve dos pobres.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Olhó Gajo!!

O (grande) autor tem mais uma certeza universal.
Quando um gajo encontra alguém na rua que não conhece bem, mas a quem tem de falar porque se o não fizer parece mal, inevitavelmente, o tema de conversa vai ser a pessoa que conhecem em comum.
Sempre.

Example.
O Manecas encontra o Zecas na rua.
Conheceram-se através do Lecas, na semana anterior, numa festa onde até conversaram uns 20 minutos sobre a merda da prestação do Sporting dentro de campo.
E zumbas, na semana seguinte encontram-se na fila da bilheteira para ir ver o "Harry Potter - A Vassoura Marota Escondeu-se Outra Vez No Recto" no Fonte Nova.
Ou seja, numa situação em que ambos se vêem, fingem que não se vêem, mas pensam que quando cruzarem o olhar outra vez vão ter de se falar.
E "Fo...-se", pensam ambos, quando se olham de novo.
Mas das bocas sai-lhes algo parecido com isto:
-Então pá, tudo bem?
-Eh lá... então? Que é que tás aqui a fazer?
-Epá, vim ver o Harry Potter, adoro.
-Epa, pois... porreiro...o gajo é um granda maluco.
-Então e tens estado com o Lecas?
-Epá não...desde a semana passada, lá na festa...
-Epá a festa foi porreira, o Lecas dá umas grandas festas...
-Ya, grande casa que o gajo tem.
-Ya, o Lecas... e tem sempre o frigorífico cheio não é?
-Pois! O gajo é um porreiro.
-E a casa é muita bem situada, cheia de lugares para estacionar...
-Sim, aquela zona é óptima, tem o LIDL mesmo ao pé e tudo.
-Ya, o Lecas sempre se soube tratar bem, eheh.
-Ya, o Lecas, granda bacano.
-Bom, vou ali comprar umas pipocas pá...
-Ya, força, olha se vires o Lecas manda-lhe um abraço pá!
-Claro! Bom filme!
-Ya, bom filme!

E "Foooooooooo....-se", pensam ambos, quando se afastam.

sábado, janeiro 02, 2010

Bom Ano



E que seja tão divertido como o momento em que se tirou esta fotografia.
 
origem