há uns dias fui estender a roupa.
o dia estava de chuva, por isso tinha de a estender "indoor".
aprochego-me da máquina de lavar e ouço um risinho em surdina.
como estava sozinho em casa, mas não me chamo macaulay culkin, pensei que seria o vento a passar numa frincha duma janela, ou coisa que o valha.
abro a portinhola da máquina e logo sinto um friozinho nos pézinhos.
um friozinho húmidozinho.
coçando a cabeça como um babuíno, logo reparo que o frio e a humidade provinham da água que por sua vez provinha de dentro da máquina.
direccionando todas as injúrias desta língua portuguesa à máquina de lavar, concluo que a mesma se escangalhou e a água não escoou.
a prova estava nos meus pés, que obrigavam o meu corpo a procurar uma pneumonia.
deitando fumo pelas orelhas, tiro a roupa cá para fora e deposito-a no lava-louças, pois estava encharcadinha, como é óbvio.
quando acabo de atirar a roupa lá para dentro, vejo uma pontinha de madeira a sair de debaixo do amontoado de tecido.
era uma colher de pau.
uma colher de pau?
sim, e suja de um molho vermelho.
SUJA DE UM MOLHO VERMELHO???
tiro a roupa a verifico que tinha acabado de a atirar para cima de um tacho que previamente tinha sido utilizado para cozinhar algo com molho de tomate.
daí a colherzinha suja.
passando a proferir impropérios em inglês, atiro a roupa encharcada e suja de molho de tomate para dentro de um alguidar e vou buscar a esfregona para enxugar a piscina olímpica que tinha na minha cozinha.
a coisa começa a correr melhor, eu parecia um profissional da esfregona, consegui apanhar a água toda num tempo record de 16 minutos, enquanto via uma telenovela da tvi, para me acalmar.
de seguida vou com um pano de cozinha enxugar o restante da água de dentro da máquina de lavar.
ensopa o pano, torce para dentro do balde.
ensopa, torce, ensopa, torce, ensopa, torce.
o riso em surdina continuava.
no final da tarefa, reparo que havia um cantinho da cozinha que ainda parecia uma zona para cultivo de arroz.
pego de novo na esfregona, ponho-a naquele buraco para a torcer, começo a torcer a safada e....
SSSPLAAAAAAASSHH
...com a força empregue na torção, viro o balde da esfregona e faço de novo um aquaparque na minha cozinha.
já de lágrimas nos olhos, repito tudo e no final vou à procura da frincha de janela aberta para cessar o riso em surdina.
todas as janelas estavam bem fechadas.
o riso vinha da p... da máquina de lavar.