quinta-feira, março 30, 2006

saudades

estive a passar números de telefone da memória do telemóvel para uma agenda.
uma agenda à antiga, feita de papel e escrita a caneta.
depois de um ano em erasmus, eram muitos os número de pessoas estrangeiras, de pessoas portuguesas, números de pessoas que não sei quem são...simplesmente já não me lembro.
mas de muitas outras lembro-me perfeitamente.
então, nessa boa meia-hora estive a ver caras a passarem-me à frente.
é impressionante como um número e um nome automaticamente nos transportam para um rosto e um local.
fartei-me de ver amigos, amigas, conhecidos, conhecidas, pessoas em quem já não pensava há muito tempo.
todos apareceram no meu quarto para dizer olá e seguirem caminho, ao bater das teclas do telemóvel.
todinhos, de A a Z...

segunda-feira, março 27, 2006

dono de casa

há uns dias fui estender a roupa.
o dia estava de chuva, por isso tinha de a estender "indoor".
aprochego-me da máquina de lavar e ouço um risinho em surdina.
como estava sozinho em casa, mas não me chamo macaulay culkin, pensei que seria o vento a passar numa frincha duma janela, ou coisa que o valha.
abro a portinhola da máquina e logo sinto um friozinho nos pézinhos.
um friozinho húmidozinho.
coçando a cabeça como um babuíno, logo reparo que o frio e a humidade provinham da água que por sua vez provinha de dentro da máquina.
direccionando todas as injúrias desta língua portuguesa à máquina de lavar, concluo que a mesma se escangalhou e a água não escoou.
a prova estava nos meus pés, que obrigavam o meu corpo a procurar uma pneumonia.
deitando fumo pelas orelhas, tiro a roupa cá para fora e deposito-a no lava-louças, pois estava encharcadinha, como é óbvio.
quando acabo de atirar a roupa lá para dentro, vejo uma pontinha de madeira a sair de debaixo do amontoado de tecido.
era uma colher de pau.
uma colher de pau?
sim, e suja de um molho vermelho.
SUJA DE UM MOLHO VERMELHO???
tiro a roupa a verifico que tinha acabado de a atirar para cima de um tacho que previamente tinha sido utilizado para cozinhar algo com molho de tomate.
daí a colherzinha suja.
passando a proferir impropérios em inglês, atiro a roupa encharcada e suja de molho de tomate para dentro de um alguidar e vou buscar a esfregona para enxugar a piscina olímpica que tinha na minha cozinha.
a coisa começa a correr melhor, eu parecia um profissional da esfregona, consegui apanhar a água toda num tempo record de 16 minutos, enquanto via uma telenovela da tvi, para me acalmar.
de seguida vou com um pano de cozinha enxugar o restante da água de dentro da máquina de lavar.
ensopa o pano, torce para dentro do balde.
ensopa, torce, ensopa, torce, ensopa, torce.
o riso em surdina continuava.
no final da tarefa, reparo que havia um cantinho da cozinha que ainda parecia uma zona para cultivo de arroz.
pego de novo na esfregona, ponho-a naquele buraco para a torcer, começo a torcer a safada e....
SSSPLAAAAAAASSHH
...com a força empregue na torção, viro o balde da esfregona e faço de novo um aquaparque na minha cozinha.
já de lágrimas nos olhos, repito tudo e no final vou à procura da frincha de janela aberta para cessar o riso em surdina.
todas as janelas estavam bem fechadas.
o riso vinha da p... da máquina de lavar.

vamos lá a ver uma coisa

toda a gente sabe que é melhor causar algum tipo de sentimento nas pessoas do que ser ignorado.
é melhor levar uma estalada da rapariga que amamos do que ela passar por nós e nem olhar.
e este blog, como muito outros, está sujeito a críticas.
claro, a crítica, positiva ou negativa, faz parte do jogo e, a meu ver, é muito bem recebida.
porque já me disseram muito bem e já me disseram muito mal.
aceito todas as opiniões, ou não fosse esse o nome do blog.
contudo, um grande amigo meu, por quem tenho grande carinho, outro dia perguntou-me se eu estava a ficar maluco.
não compreendendo, retorqui um elaborado "hãn?".
ele completou:
"estive a ler o teu blog...é tão mau!! parece que andas a escrever merda a metro!!"
ok.
não quero que apenas aqui fiquem os comentários bons, os que me levam a escrever com regularidade, por isso também os comentários que "deitam abaixo" têm de ter o seu espaço.
porém, vamos lá a ver uma coisa:
este blog é merda escrita a metro?
e, na hipótese de o ser.... cheirará muito mal?
é que já se sabe que, aos nossos narizes, a nossa própria merda nunca cheira tão mal como a dos outros...

sábado, março 25, 2006

serviço público

o (grande) autor, um vivido nestas andanças do serviço público, pode afirmar e prontificar desde já uma listinha, das certezas existentes em qualquer desses serviços.
sejam as repartições de finanças, as conservatórias, ou as câmaras, estas são as 11 certezas existentes:

1 - todos os desktop (ambientes de trabalho) de todos os computadores dos funcionários têm uma fotografia de uma ilha paradisíaca, de umas férias ou de um animal de estimação, algo que os faça sair dali em pensamento.
2 - há sempre duas máquinas para tirar senhas, mas apenas uma tem senhas lá dentro.
3 - ao lado dessas duas máquinas há sempre um papel escrito à mão que diz "senha única".
4 - ninguém sorri. nem funcionários nem utentes.
5 - há sempre um papel escrito à mão, pregado ao placard das informações, que diz "por favor evite falar ao telemóvel".
6 - há sempre alguém a falar ao telemóvel ao lado desse papel.
7 - o serviço de pagamento por multibanco nunca funciona, porque há sempre "uma falha no sistema, desculpe lá. olhe, pode ir ali ao multibanco, que fica só a 4 quarteirões daqui, e levantar o dinheiro. quando voltar, tire só uma senha, espere mais 58 números que seja a sua vez e depois poderá efectuar o pagamento".
8 - há sempre gente a praguejar dentro das instalações.
9 - há sempre marcas de socos nas paredes.
10 - pelo menos um dos funcionários tem de estar sempre doente e a queixar-se de que devia estar em casa em vez de estar ali. por vezes pede aos utentes para lhe porem a mão na testa a ver se têm febre. varia.
11 - sempre que se vai levantar um documento, tendo-se telefonado antes para saber se já estava pronto e a resposta ter sido sim...o documento nunca está pronto. falta sempre um carimbo, uma lambidela ou uma assinatura da pessoa que "foi almoçar, aguarde só aí um bocadinho qu'ela vem já tá bem?"

quinta-feira, março 23, 2006

a frase

caros leitores, o (grande) autor esteve outro dia na presença auditiva da melhor frase deste ano.
aquando do grande golo marcado por simão sabrosa ao liverpool, visto a bola ter entrado no canto superior direito da baliza, "na gaveta", uma amiga minha proferiu a seguinte pérola:

"o meu pai sempre me disse: joaninha, no cantinho ninguém vai lá buscá-la..."

autora: joana a.k.a. mémé

terça-feira, março 21, 2006

bip bip bip

ultimamente, tem-me acontecido uma coisa deveras peculiar.
ora então não é que, ao dirigir-me às pessoas, em vez de um cordial "bom dia/boa tarde/comé, tá-se bem?", pela minha boca é cuspido um "tou!" ??
sim, um "tou!"
não é referência aos cromos que saíam no bollicao, os "tou fixaró", "tou c'uma ganda ressaca" ou o "tou com comichão no pé".
eu, literalmente, ATENDO as pessoas.
faço como se de um telefone se tratasse e a 1ª coisa que lhes digo é... (digam lá vocemessês...isso mesmo!)... "tou!"
achava uma certa graça à coisa, até ao dia em que, de saída de um estabelecimento comercial de venda de objectos para divertimento sexual, (vulgo sex-shop), ao passar pela porta de saída, digo à empregada um repinpante "boa tarde, beijinhos, com licença..."
ora, até podia ser a empregada que me atende todos os dias, quando lá vou comprar as recargas do aparelho, mas não, era uma nova, uma que nunca tinha visto mais chicoteada!
mais uma vez, o síndroma-de-falar-com-pessoas-que-estão-à-minha-frente-como-se-estivesse-ao-telefone-com-elas apoderou-se de mim!
só falta daqui a bocado parar de falar a meio de uma conversa e começar para a pessoa à minha frente "tou, tou, TOOOU...", como se me tivesse acabado a bateria do celular.

segunda-feira, março 20, 2006

factor medo

- olá, então, está pronto?
- estou com medo - respondi.
entrámos na sala iluminada.
daquelas iluminações tipo hospital, cheia de recantos escuros, mas superfícies que ferem os olhos, de tão brancas.
sentei-me na cadeira, já não sentia aquele material há cerca de dois anos.
"então, não vem cá há muito tempo, assim vai custar mais..."
"pois, a ti deve custar-te muito, deve...", pensei com os meus botões.
hhmm...tinha uma camisola vestida, não havia botões.
pensei com as minhas costuras, então.
ela disse-me para me inclinar para trás, que íamos começar.
fechei os olhos, apertei as mãos contra os braços da cadeira.
"au!" gritou ela.
um dos braços não era da cadeira, era dela.
"desculpe" retorqui prontamente, pensando se aquele engano não teria sido o carimbo no meu passaporte para o inferno.
começou a tortura.
pensava incessantemente para com as minhas costuras e braguilha que havia torturas bem piores que aquela, que no iraque e outros cenários de guerra, muita gente sofreria muito mais que aquilo que eu estava a sofrer.
mas alguém há muito tempo inventou as proporções.
e, proporcionalmente mais baixa, a minha dor não deixava de ser sempre uma dor.
sentia o sabor do meu sangue na boca que ela lapidava, via-lhe de perto as pingas de suor que lhe escorriam da testa de encontro aos meus olhos.
"está a tentar cegar-me" pensei de novo, desta feita para com os boxers.
se o esforço a fazia suar, a consequência de tal era a força empregue na minha cavidade de "cumer e buber".
senti-me a desmaiar, não sei quanto tempo estive inconsciente.
quando acordei ela tinha uma mola no nariz, o que me levou a deduzir que durante o sono devo ter solto um gás ou outro, como consequência do terror em que me encontrava.
finalmente acabou...
estalando os dedos e tirando as luvas de plástico utilizadas para outros fins como exames rectais, ela despediu-se de mim com um suave "até breve".
eu saí, pensando que realmente sempre era melhor ir ao dentista fazer uma higiene de rotina do que ir não-sei-onde fazer um exame rectal.

sexta-feira, março 17, 2006

taxi

em atitude burguesa, incompatível com o seu bolso camponês, o (grande) autor decidiu ontem apanhar um táxi para se deslocar de aqui para ali.
como o futebol não seria a conversa mais interessante, visto o glorioso ter deixado o guimarães ganhar, decidiu-se por puxar o assunto "as-obras-do-metro-do-saldanha-nunca-mais-acabam-não-é-ó-chefe?".
o taxista, mortinho por cascar nos governantes, apressou-se a contar uma história, como exemplo da lentidão deste país.
"c'andeu tavali na praça de taxs de sete rios, aí há uns...vintianos...vi uma vez uma cena...quédzer...em Portugal as coisas não é pa se fazer...é pa sir fazendo...
então não é que tava um buraco aberto dumas obras. uma noite, andaram lá aí uns 7 ou 8 calceteiros a fechar o buraco, porque as obras tinham acabado. no dia seguinte, eu pegava às 11h da manhã...e o buraco tava aberto outra vez!!
eu até fui lá perguntar então mas vocês esqueceram-se aí dalgum tesouro dentro ou quê??
e os gajos respondem-me que não, que as obras agora eram para o gás e que os outros que fecharam o buraco eram dos telefones...
e pronts, lá continuou o buraco aberto mais uns meses..."
chegado ao destino, o (grande) autor pagou e, em jeito de despedida, desejou boa sorte ao taxista e que "a ver se as coisas agora andam prá frente..."
o senhor respondeu prontamente:
"atão não hão dandar?? f...-se, mais pra trás é que não dá!!"

quarta-feira, março 15, 2006

EMEL...GA (parte II)

ok, é mais do que óbvio que ontem lá fui feito estúpido para a emel, com todos os documentos que vos mencionei no último post, e não consegui a merda dos dísticos, por variadas razões.
tenho apenas um conselho a dar-vos:
se algum dia tiverem de ir à emel tratar do que quer que seja, não vão armados, pois podem destruir a vossa vida em milésimos de segundo, por causa de uma funcionária inteligente.

ps- a opção fumar-umas-ganzas-antes-de-entrar também não é má.

ps2- é também óbvio que, enquanto havia uma senhora para atender as pessoas que lá iam tratar de assuntos relativos à emel (éramos 4 pobres coitados), havia 5 (cinco) senhoras sentadas em frente ao computador sem fazer nada porque, como tão simpática e lógicamente me explicaram, "estes balcões destinam-se exclusivamente a serviços da câmara".
ora, a emel, não é um serviço municipal, pois não?

"e não-sei-quê, estamos na cauda da europa..."
não, pudera...

terça-feira, março 14, 2006

EMEL...GA

melga não era bem a palavra que queria para descrever essa tão boa empresa municipal de f.... os carros das pessoas que trabalham.
bem, já há uns tempo que os gafanhotos me têm vindo a deixar uns papéis no carro a dizer que tenho de ir revalidar o dístico (gosto da palavra) de morador.
liguei para lá a perguntar que documentação precisava de levar.
claro que me atendeu uma senhora muito simpática, prestável e, inclusive, inteligente.
[note-se o sarcasmo exacerbado do discurso do (grande) autor]
ora, preciso então da seguinte listinha de documentos:
- o dístico que tenho agora
- carta de condução
- título de registo de propriedade da viatura
- cartão de eleitor
- comprovativo do domicílio fiscal

passo assim a analisar cada um dos documentos, inteligentemente pedidos:
- o dístico-que-tenho-agora
acho óptima a ideia de ter de entregá-lo. como o novo dístico não vai ser completamente diferente nem nada, o que mais me apetece é ter de entregar a única coisa que me permite parar o carro sem ser multado. como os serviços andam um nadinha mais devagar que um caracol manco, cheira-me que vou estar um mesinho sem dístico de morador, consequentemente, a pagar parquímetro para estacionar à minha porta.
(nota mental: destruir as máquinas de parquímetro da zona à machadada)

- a carta-de-condução
normal, ando sempre com ela, por isso acho bem, não custa nada levá-la. até porque a maior parte das pessoas que tem carro não tem carta de condução.

- o título-de-registo-de-propriedade-da-viatura
também acho bem. pode ser que alguém ande com excessos de altruísmo e ande a pedir dísticos de morador para os amigos, perdendo horas de vida em filas de espera, o que é perfeitamente normal.

- o cartão-de-eleitor
ah, isto sim, compreende-se. no caso de a pessoa querer votar em qualquer coisa pelo caminho ou mesmo no edifício da emel, sei lá...votar no empregado mais estúpido ou no que consegue demorar mais tempo a dar uma informação complicada do género, "que horas são por favor?".

- o comprovativo do domicílio fiscal
ah...também compreendo a razão de ser deste documento. como a morada, freguesia, código postal e p...que o pariu não estão na carta de condução nem no título de registo de propriedade da viatura, é normal que nos peçam isto.
sim, porque a autenticidade dos serviços da DGV não é a mesma coisa que a dos serviços das finanças. porque um quilo de chumbo pesa mais que um quilo de algodão, sem dúvida.

agora, estou a pensar em levar mais qualquer coisa que me identifique e que identifique o meu carro, assim como o papel higiénico por mim utilizado nas últimas duas semanas e ainda os pedaços de merda de pombo que tenho vindo a recolher desde há um mês, de cima do capôt do pópó.

domingo, março 12, 2006

ModaLisboa

o (grande) autor, como figura de alguma coisa que é, foi até à moda lisboa, dar um passinho na passerelle e ver passar umas meninas.
ora, sem mais delongas, passo a descrever numa só frase (deveras actual diga-se) todo este evento:

"se as aves raras apanhassem H5N1, aquele pavilhão era fechado pela direcção-geral de saúde. irra...."

ps- de salientar a iluminação do evento. essa sim, estava muito boa. mesmo. a sério. não estou a brincar. já perceberam a ideia, espero.

sexta-feira, março 10, 2006

OPERAÇÃO STOP

vi hoje no telejornal que os funcionários da câmara municipal do porto passam a ter um controlo de alcoolémia a seguir ao almoço, antes de pegarem ao serviço da parte da tarde.
ora bem, vejamos a seguinte situação.
o sr.andrade vai almoçar à tasquinha, como faz todos os dias.
e todos os dias despeja dentro de si pelo menos meia litrosa de vinhaça.
como o sr.andrade, fazem o mesmo o sr.falcão o sr.piçarra e o sr.nunes.
já os estou a imaginar a voltarem para o trabalho:
- eh pá, num bamos pla escadaria norte qu'disse-me a nandinha da secretaria que bai haber operaçaum stop...
- olhameste...(agride o sr.nunes com uma belinha na nuca) pla escadariiia...queres matar a gente ó quê?? qués qu'eu bomite o cuzido tuodo?
- oh pá, bamos mazé plo ilvador tuodos juntos qu'assim ao menos se apanharem alguém há semprum ou duois que se escapam, num éi?
- eu quantabócês num sei, mazeu bou à casinha trincar grãuns de café pa enganar a máquina, essa baca...

e a conversa agentes da autoridade:
- boa tarde (continência), os seus cartões de picar o ponto por favor. ora muito bem, os senhores ingeriram alguma bebida alcoólica nos últimos 15 minutos? pelo bafo, quer-me parecer que sim...queiram sair do elevador um a um por favor, vamos proceder à despistagem de alcoolémia...

terça-feira, março 07, 2006

conselheiro cinemental

já abriu o conselheiro CINEmental.

da autoria do (grande) autor, pois claro...

triste mas verdade

como não só de risos vive o homem, aqui fica uma história tristonha sobre uma entre muitas realidades portuguesas algo ocultas.
ontem vinha para casa do supermercado com a minha mãe quando, enquanto tirávamos os sacos do porta-corpos...aaah, porta-bagagens, um homem nos interpela.
começa a dizer que está desempregado, que trabalhou 28 anos na lisnave, que não quer pedir dinheiro, mas que tem muita fome.
tinha óptimo aspecto, uma pessoa normal, dir-se-ia.
e começa a chorar.
parvo, eu fico sem reacção.
a minha madre dá-lhe um pacote de leite para a mão.
ele agradece muito, muito e começa a andar enquanto abre o pacote de litro.
em 15 metros mandou um pénalti naquele merda.
não estou a brincar, ele bebeu o litro de leite de pénalti.
ao vê-lo a afastar-se optei por lhe dar mais uma laranja e um pacote de batatas fritas grande, que eram as únicas coisas comestíveis no momento, sem preparação.
tudo o resto eram infelizmente congelados e afins.
que vontade de o convidar para jantar lá em casa e dar-lhe tudo.
mas o medo e a desconfiança são mais fortes que a bondade, não é?
a minha mãe advertiu-me, antes de dar a laranja ao senhor:
"não lhe dês uma laranja, que isso vai-lhe fazer mal. ele acabou de beber o leite!!"
pois, mas o que não mata engorda, não é?
e aquele senhor bem precisava de engordar...

segunda-feira, março 06, 2006

piscina

o (grande) autor, em época pre-veraneante, decidiu tornar aos grandes palcos molhados da piscina do inatel.
visto lá ter andado largos anos em competição [o (grande) autor é muita bom], decidiu voltar a entrar no rectângulo aquático de outrora e dar alguma alegria aos seus músculos agora tapados por uma camadinha isolante de frios e tempestades.
dirigiu-se então o nosso herói à secretaria do inatel, em busca de informações e papéis de inscrição.
direcciono-me à secretaria, para constatar que está fechada às 18h15m, embora o horário indique um suposto fecho às 20h.
dirijo-me então ao SIgurança que, interrompendo pacientemente a novela da tvi, me informa que "a secretaria agora é ali ao fundo, naquele edifício, não sabia???".
pois, não sabia.
e não sabendo muita coisa, talvez passe a trazer sempre a maya comigo.
entro na nova secretaria e, após constatar que as barracas estão de novo na moda, verifico que existe uma bela estante, cheiiiiinha de papéis e folhetos informativos.
"ora bem, ora bem, deixa cá ver...natação livre..."
não existia um folheto relativo a esta modalidade.
não que não me oferecessem yoga, natação com bóias, pilates, judo, futebol, ping-pong, petanca ou apedrejamento de políticos...apenas natação livre não existia.
passa o (grande) autor à frente de umas jovens babadas que guardam o seu autógrafo, somente para perguntar pelos famosos panfletos.
"vá ver na estante dos folhetos informativos" responde-me um senhor nitidamente sem vida sexual a dois activa.
respondo-lhe então que já tinha dado uma vistinha de olhos de 12 minutos e que não a tinha encontrado.
o punho partido pergunta então ao seu colega pelos pedaços de papel.
o colega contesta que estão guardados numa gaveta mesmo atrás de si.
o esfrega-mastros faz um esforço que quase lhe custa uma vértebra e alcança-me o folheto, finalmente.
eu saio triunfante, não sem antes ter levado com um "faça o seu trabalho que eu faço o meu" por ter sugerido uma possível deslocação dos panfletos sobre natação livre da gaveta para a estante-maravilha.
vai uma braçada?

quinta-feira, março 02, 2006

comentário

ontem, observava eu atentamente o jogão que a nossa selecção fez contra uma equipa que nem sabe o que é um esférico, quando me apercebi que havia alguém ainda mais atento do que eu.
o comentador da televisão estatal que transmitia o jogaço disse:

"quaresma remata.......ah, mas está lá o guarda-redes!!"

caramba...há que ter olhos de lince...

quarta-feira, março 01, 2006

wc

visto que em portugal muito pouca coisa funciona como devia, agravado ainda pelo facto de a casa-de-banho ser um domínio pouco explorado pela indústria portuguesa, temos de dar a mão à palmatória aos 88% que não lavam as ditas.
senão vejamos:
o tuga está a trabalhar e tem de ir ao wc, já à rasca, apertado entre duas tarefas.
tem de fazer a coisa a correr porque o sacana do patrão escolheu logo o dia em que a diarreia atacou para passear a tromba pelo escritório.
não se faz, caraças. dia de mal-estar intestinal deveria automaticamente ser dia de estar-sentado-na-sanita-com-a-bola-o-record-e-o-jogo-e-uma-sandes-de-frutos-do-mar.
o tuga entra no wc a correr, esbaforido de pressão pançal e perseguido pelo tic-tac do relógio de parede.
faz a sua cena, provocando risos em todos os presentes no wc devido ao espectáculo de formula 1 perpretrado pelos seus intestinos.
limpa-se mal e porcamente porque a dona palmira e a dona almerinda, funcionárias da limpeza do escritório, meteram baixa na mesma semana e não há quem coloque mais papel higiénico nas cabines de som.
(pensa-se que estão juntas num motel nos arredores de lisboa)
o tuga sai da cabine já aliviado, limpando as pingas de suor ao lencinho que a sogra lhe deu no natal.
vai lavar as mãos, molha-as, mas não há sabonete.
as mãos continuam um nojo, mas molhadas.
dirige-se ao secador de mãos e este não funciona.
o tuga prega-lhe um soco e o bicho continua sem responder.
o tuga coloca as mãos nas variadas posições sugeridas pelo autocolante já todo riscado pelos filhos da dona palmira que acompanham por vezes a mãe ao trabalho e nada.
resultado, o tuga fica com as mangas da camisa molhadas porque estas, previamente arregaçadas, com tanto soco e chapada na máquina, acabaram por descair encharcando-se nos pingos de água tépida.
o tuga volta à secretária a limpar as mãos as calças, mesmo a tempo de ver o boi do chefe a mexer-lhe no computador e a constatar que o tuga não estava a trabalhar, mas sim a ver os mails de conteúdo pornográfico que os amigos lhe mandam.
e ainda por cima a diarreia dá de novo sinais de vida!
 
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