outro dia estive a jantar em casa de uma amiga.
a amiga tem um namorado.
o namorado é islandês. o namorado está cá de férias.
o namorado trouxe um dos pratos tradicionais da islândia.
o prato é composto por tubarão podre.
podre. ou seja, que cheira mal. e sabe pior.
assim, devidamente acondicionado num frasquinho de 250g, o jovem apresentou-nos o cadáver aos bocados.
depois de se comer um pedaço do bicharoco, bem mastigado, por sinal, bebe-se uma aguardente também lá de cima, com 37,5º.
"pfff", pensei eu, alimentado pelo calo já ganho com a aguardente e os tremoços tugas.
mas, contrariando o cavaco, que nunca se engana, eu enganei-me.
fechei os olhos enquanto mastigava e parecia que estava a comer uma pedrinha da calçada da esquina mais alvejada pelas pilinhas do bairro alto.
com o nariz a arder botei abaixo o copito com o líquido etílico.
não foi pior a amêndoa que o sorvete, mas também não foi a melhor degustação do mundo.
apenas sucede que, tendo em conta que parecia ter estado a comer um calipo de urina, aquela aguardente sabia-me a vinho do porto.
agora, cientificamente explicando, porque sabe a chichi o bicho-paga-dentistas?
porque o bóbi tem um nível de amoníaco tão elevado como a antena parabólica do empire state building, tal como, está claro, a nossa chichoca.
acontece que, para ser comestível, a estrela dos filmes do spielberg tem de apodrecer uns mesitos, de forma a que o nível de amoníaco baixe a bolinha, até ser aceite pelo nosso corpo sem funcionar como veneno para ratos.
agora, pergunto-me, quantas pessoas terão batido a bota até que aquele pessoal do norte percebesse (como é óbvio) que o tubarão tem de estar a cheirar a casa-de-banho-do-sudoeste para ser saborosamente apreciado??
Há 1 semana