Este texto nada tem a ver com o ano novo.
Porém, como este se aproxima, fica sempre bem colocar um título assim, como chamariz para os curiosos que pensam que vêm ler as resoluções para 2008 do (grande) autor e depois levam com esta merda.
Enfim, este texto é mais precisamente sobre a "prova de vida".
A prova de vida não é um exame nacional para os recém-nascidos.
Não é provar a vida de um copo, saborear e deitar fora.
Também não é correr a vida 100 metros barreiras.
A prova de vida é, tão simplesmente, ir até à segurança social provar que ainda se está vivo, para poder continuar a receber a pensão, reforma ou afins.
Haverá algo mais deprimente do que isto?
Ser de idade avançada e, ainda por cima, ter de se deslocar anualmente até à segurança social (que de si já é deveras agradável) comunicar que se está vivo.
E qual é o contrário de estar vivo?
É estar morto, ao que parece.
Adianta-se assim um diálogo fictício (ou não) entre velhote e funcionário público:
- Boa tarde, vinha fazer a prova de vida, se fizer o favor.
- Tir' a senha.
- Qual é a senha?
- Oh home, a senha verde, claro! Verde, de vida, phone-ix!
- Mas eu estou nos correios?
- Não...
- Então porque é que o senhor fez essa graçola sem piada nenhuma, se nem sequer estamos nos correios?
- Aaah...
- Bom, senha verde então, obrigado, até já.
(chega a vez do velhote, 56 números, 2h47m e três quase-AVC's depois)
- Boa tarde, vinha fazer a prova de vida.
- Sim senhô, chegue-se lá pa trás, pa olhar bem pa si.
- Assim?
- Oh home, não fuja, venha cá qu' eu não mordo.
- Assim?
- Sim, sim, tá bom. Diga lá qualqué coisa.
- O Sporting vai ser campeão.
- Bom, você parece memo que tá vivo, mas tamém tá louco, pronts.
- Hein?
- Pronts home, você tá vivo, pode seguir, até pó ano.
Há 10 horas